[RESENHA #994] TEATRO GREGO: TRAGÉDIA E COMÉDIA - JUNITO DE SOUZA BRANDÃO


Sinopse: “Se em Ésquilo o teatro é uma teomorfização e suas personagens são mais gigantes que seres humanos, uma vez que sua tragédia é um confronto entre o Hades e o Olimpo; se já em Sófocles, com seu antropocentrismo, observa-se um certo distanciamento, com os deuses agindo pela voz dos Oráculos e dos Adivinhos e a Moira como causa segunda, nota-se, nas peças de Eurípedes uma consciente dessacralização do mito com uma consequente proletarização da tragédia. Das trevas de Elêusis de Ésquilo aos píncaros do Olimpo de Sófocles, a tragédia de Eurípedes desceu para as ruas de Atenas. Moira, a fatalidade cega de Ésquilo, e Lógos, a razão socrática de Sófocles, transmutaram-se em Eurípedes em ÉROS, a força da paixão. Como diz a própria Medeia, vinte e dois séculos antes de Pascal, o coração tem razões que a própria razão desconhece (med. 1080). (Trecho da obra)

Resenha/Opinião: Junito de Souza Brandão foi um professor de literatura grega e latina na PUC-Rio, inclusive há outros livros dele publicados pela Editora Vozes e o autor fala sobre a mitologia grega em tais livros. Contudo, no presente livro o autor fala sobre o teatro grego, bem como o seu surgimento, aliás, o teatro grego está intimamente ligada a tragédia e esta nasceu do culto a Dionisio, deus da alegria, do vinho, das festas e do teatro. Aristóteles define a tragédia como uma imitação de uma ação série e completa, dotada de extensão, em linguagem condimentada para cada uma das partes, isso ocorre por meio de atores e não mediante a narrativa e que opera, graças ao terror e à piedade.


Junito compartilha conosco grandes nomes do teatro grego como: Ésquilo e Sófocles, eles por exemplo criaram tragédias que falam sobre a luta desesperada entre as trevas e a luz, entre a agonia e o terror, a luta entre a vida e a morte, ou seja, são tragédias permeadas de drama. O teatro de Ésquilo é um drama sem esperança e sem promessas, não há perspectivas de dias melhores. Contudo, o drama, o sofrimento presente nas obras de Ésquilo é um caminho para a sabedoria, é o "sofrer para compreender", pois a dor redime.

Enquanto Ésquilo concebeu um teatro com representação profundamente religiosa e Sófocles baseou o seu teatro em uma situação determinada, Eurípides concebeu a sua tragédia como uma dicotomia entre o mundo dos deuses e dos homens, pois o trágico não é mais o mito, mas o coração do homem.

Teatro Grego é um livro para compreendermos melhor a criação das tragédias gregas, o quanto elas foram baseadas nos mitos, nos usos e costumes ou até mesmo em aspectos históricos, além disso, o autor nos dá uma visão sobre o teatro e a comédia na Grécia Antiga. É interessante perceber o quão importante foram Sófocles, Eurípides e Ésquilo no fomento da tragédia/teatro grego, eles criaram obras monumentais, ainda que profundamente trágicas.


Junito também leva ao leitor um estudo sobre a Comédia grega, passando por sua origem, a estrutura, bem como a sua eclosão e o quanto esteve ligada diretamente a democracia ateniense. Em suma, esse livro é na verdade um profundo estudo realizado pelo autor, é uma obra importante e indispensável para aqueles que desejam compreender e estudar o teatro grego.

Sobre o autor: Junito de Souza Brandão foi professor titular de Língua e Literatura Grega e de Língua e Literatura Latina na PUC-Rio, na Universidade Santa Úrsula e na Universidade Gama Filho. Licenciado em Letras Clássicas, com doutorado e livre-docência em Literatura Grega. Ministrou, além de suas aulas normais nas universidades supracitadas, cursos regulares de Mitologia Grega no Rio de Janeiro e principalmente em São Paulo, na PUC-SP e na Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica da mesma cidade. Com mais de treze obras publicadas, o autor ultimou uma obra séria e densa sobre Mitologia Grega.

Ficha técnica:
Título:
Teatro Grego: Tragédia e Comédia
Autor: Junito de Souza Brandão
Editora: Vozes
Páginas: 152
Ano: 2022
ISBN: 9788532604514
Onde comprar: Amazon - Livraria Vozes

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